quarta-feira, janeiro 31, 2007

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Capa e página originais do Scrapbookd de Henri Cartier-Bresson, 1946 . Henri Matisse na sua casa, Villa "Le Rêve", Venice, Sul de França, 1943, © Henri Cartier-Bresson/Magnum. Henri Cartier-Bresson, Bruxelles, Belgica, 1932, © Henri Cartier-Bresson/Magnum

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.HENRI CARTIER-BRESSON’S
SCRAPBOOK PHOTOGRAPHS 1932-46
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.“Ma passion n’a jamais été pour la photographie ‘en elle-même’, mais pour la possibilité, en s’oubliant soi-même, d’enregistrer dans une fraction de seconde, l’émotion procurée par le sujet et la beauté de la forme, c’est à dire une géométrie éveilée par ce qui est offert. Le tir photographique est un de mes carnets de croquis”
Mind’s Eye de Henri Cartier-Bresson


Durante a ocupação de Paris pelos alemães, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque presumindo que o fotógrafo francês, Henri Cartier-Bresson (1908-2004), estava morto decidiu fazer uma retrospectiva póstuma à sua obra. No entanto, para grande espanto de todos, Cartier-Bresson tinha conseguido fugir em 1943 do campo de prisioneiros alemão onde esteve durante três anos.
Uma vez informado da preparação duma homenagem Cartier- Bresson decidiu participar activamente na exposição que estava a ser preparada em sua honra. Quando chegou a Nova Iorque comprou um álbum de fotografias de estilo victoriano “Scrapbook”. Seleccionou e organizou colando cronologicamente 346 imagens que foram a base da escolha do MOMA para a exposição que se efectuaria em 1947. O próprio Cartier-Bresson imprimiu as provas que correspondiam aos trabalhos que fez entre 1932-1946, onde se incluíam aqueles que testemunhavam os encontros que teve com artistas ligados ao surrealismo e à arte moderna.
Em 1990, Cartier Bresson desmontou o famoso álbum que podemos ver agora nesta exposição no International Center of Photography de Nova Iorque, restaurado e de novo remontado seguindo os critérios originais.
No ICP poderemos ver, não apenas as imagens que se tornaram famosas, como também várias versões das mesmas, dando a ver não só o processo de escolha como também uma forma única de olhar. São “momentos decisivos” de alegria, sofrimento e morte, com um ritmo de formas modernistas.
O formato pequeno (10x8 cm) destas tiragens em sais de prata é extremamente marcante sobretudo numa cidade em que a maioria das fotografias expostas têm pelos menos um metro.
A exposição foi organizada por Agnes Sire do Museu Henri-Cartier Bresson de Paris e está patente até 29 de Abril, 2007

Em 1947, o fotógrafo fundou a agência fotográfica Magnum com Bill Vandivert, Robert Capa, George Rodger e David Seymour. Nascia o Cartier-Bresson fotojornalista.
Cartier-Bresson registou a guerra civil espanhola (1936-39); a libertação de Paris; testemunhou os últimos dias e por fim a morte de Gandhi; a vida na União Soviética; fotografou os eunucos imperiais chineses logo após a Revolução Cultural de Mao.
Registou com grande poesia a essência humana em momentos de profundas transformações. Os retratos que fez de artistas como Picasso, Matisse, etc. ilustram o que definiu como o “silêncio interior duma vítima que consente”. Fixou a expressão genuína, o momento em que a pose deixa de ser forçada para transmitir algo de “verdadeiro” revelando assim a essência do individuo. Foi dono de uma intuição rara e ensinou-nos a disciplinar o olhar.




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O pintor frances Henri Matisse fotografado por Henri Cartier-Bresson

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O escritor André Pieyre de Mandiargues e a pintora Léonor Fini. Trieste, Italia, 1933. Ao lado Jean-Paul Sartre, Paris 1946. Biblioteca Nacional de França, Departamento de Estampas e de Fotografias. © Henri Cartier-Bresson ⁄ Magnum Photos


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Martin Munkacsi
“Think While You Shoot”
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Abertura do Parlamento em 21 de Março de 1933, "Potsdam Day" — "Desfile do exército alemão frente ao Palácio de Postdam" 1933. Foto de Martin Munkacsi. © Joan Munkacsi, Cortesia de Ullstein Bild.


Paralelamente à exposição de Cartier Bresson, o ICP - International Center of Photography de Nova Iorque, mostra a obra de Martin Munkacsi (1896-1963). O fotógrafo Húngaro que trabalhou durante os anos 20 e 30 em Berlim e imigrou para os Estados Unidos em 1934. “Boys Running in the Surf at Lake Tanganyika”, 1930, é sem dúvida a fotografia que mais se associa à obra de Munkacsi. A fotografia que fixou as três crianças africanas a correr para as águas do Lago Tanganyika e em que o movimento dos corpos nus em liberdade nos transmite uma sensação de leveza e espontaneidade. Cartier-Bresson afirmou que esta imagem o tinha marcado profundamente, quando a viu pela primeira vez em Marselha, “de repente realizei que a fotografia poderia alcançar a eternidade através do momento. Peguei na minha máquina e saí para a rua”.
Munkacsi trabalhou como fotojornalista na Hungria cobrindo acontecimentos desportivos e em Berlim nos anos da ascensão de Hitler ao poder. Fotografou o “ dia Potsdam” que marcou a ascensão do ditador Nazi e ainda registou as políticas anti semitas de Hitler, das quais teve de fugir como muitos dos seus colegas judeus. Enquanto as imagens de desporto propagam uma sensação de liberdade, as sociais e políticas são rigorosas e por vezes assustadoras.
Em Nova Iorque Munkacsi trabalhou para a revista Harper’s Bazar onde em 1934 publicou a foto da socialite Lucille Brokaw em fato de banho na praia. Foi um momento marcante em que a fotografia de moda deixou o estúdio e as poses forçadas para uma atitude mais naturalista e ligeira. O fotógrafo Richard Avedon afirmou, “Munkacsi trouxe um sabor a honestidade e alegria e um amor à mulher, ao que até aí tinha sido uma arte morta e sem energia”.
As fotografias como aquela onde podemos ver Fred Astaire (1936), desafiando a gravidade e onde as acrobacias são paradas no tempo enquanto a sombra na parede branca tem a forma dum cisne em movimento, marcam um estilo próprio a Munkacsi.
A exposição foi organizada por Carol Squiers do ICP e Sandra Phillips do Museu de Arte Moderna de São Francisco.

Rita Barros, Nova Iorque. Fevereiro 2007



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Fred Astaire a dançar, 1936 e Lucille Brokaw (Harper's Bazaar, 1934 Dezembro). Fotografias de Martin Munkacsi


A história de 2 fotografias, Henri Cartier-Bresson & Martin Munkacsi
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Crianças africanas correm para a água, 1930. Lago Tanganika no Congo. Fotografia de Martin Munkacsi.

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