sexta-feira, fevereiro 16, 2007



© Irving Penn. Dandelion/Taraxacum officinale, New York, c. 1973 digital pigment print with Ultra Chrome Pigmented Inks on Epson Enhanced Matte Paper, mounted to board 22 x 17 3/16 inches.




Contratado por Alexander Liberman para ser responsável por ideias para as capas da Vogue, os fotógrafos da prestigiada revista ignoravam as suas recomendações, no entanto, Irving Penn (1917-), acabaria conhecido pelo seu trabalho como fotógrafo de moda e pelas mais de 160 capas que fez para a prestigiada revista, nas versões europeia e americana. A sua primeira capa para a Vogue em 1943 foi uma natureza morta, ao jeito que o fotógrafo nos habituaria com outros trabalhos da sua autoria.
Irving Penn aos 89 anos continua a surpreender-nos, ao apresentar uma série de estudos sobre flores utilizando diferentes técnicas de impressão: digital, laser (Dye), transfer e platinotipia. As vinte e duas imagens que a galeria Pace MacGill, em Nova Iorque nos mostra, percorrem um período que se estende de 1967 a 2006 e com excepção de uma platinotipia, as restantes fotografias são todas a cores.
As flores são fotografadas em close-up contra um fundo branco liso. Não há sombras para ajudarem na percepção de profundidade de campo ou objectos para elaborarem formas. O olhar é encaminhado, numa viagem de descoberta, para o centro do bolbo. Com uma gama de cores de uma grande riqueza, Irving Penn mostra a mais pequena veia duma pétala, as texturas, as pregas e sulcos rasgados pelo tempo e impossíveis de ver a olho nu. Os bolbos e hastes gigantescas ressaltam com uma extraordinária luminosidade que parece vir do interior.
Estes estudos não são sentimentalistas mas sim um olhar de perto para a natureza com momentos de vitalidade e decadência, um tema recorrente na obra de Penn. O amarelado duma pétala prestes a cair em “Rose, Blue Moon” de 1970, contrasta com a pureza das outras pétalas cor-de-rosa fazendo referência à mortalidade, e pondo em causa a noção tradicional de beleza.
Em “Iceland Poppy/Papaver Nudicaule” de 2006, Irving Penn que trabalhou com o estilista japonês, Issey Myake, encontra as mesmas pregas e cores duma das peças de referência de Myake.
A única prova a preto e branco é uma platinotipia, processo a que Penn sempre dedicou especial atenção. É conhecido o seu interesse por esta técnica ancestral, “Cottage Tullip: Sorbet” de 1967, ressalta pela riqueza e variedade dos tons quentes. Os padrões no bolbo têm uma qualidade de pintura abstracta com pinceladas enérgicas e precisas. Esta prova é um exemplo maior da razão pela qual Irving Penn é considerado um “master printer”.
Estes trabalhos quase estilizados, conseguem mostrar-nos beleza sem serem afectados pela força do tema e sem se tornarem decorativos, o que só por si mostra a genialidade do fotógrafo.
Irving Penn esteve entre os primeiros fotógrafos que nos anos 50 do século XX utilizaram um fundo neutro, branco ou cinzento, para fazer retratos, excluindo assim os modelos/celebridades do seu contexto. Publicou onze livros de fotografia que vão desde uma série de nus, não ortodoxos, de mulheres “grandes”, voluptuosas que evidênciam a sua versatilidade, talento e sensibilidade até aos trabalho sobejamente conhecidos dos seus “close-ups” de beatas com todo o lado mórbido, e que se tornam hoje tão actuais numa sociedade onde o fumar se tornou uma heresia. Galeria Pace Mac Gill, New York


Rita Barros, 15 de Fevereiro 2007



Irving Penn. Poppy: Barr's White, New York, 1968 digital pigment print with UltraChrome Pigmented Inks on Epson Enhanced Matte paper, mounted to board19 1/2 x 17 1/2 inches
Irving Penn. Iceland Poppy/Papaver nudicaule (E), New York, 2006 digital pigment print with Epson UltraChrome Pigmented Inks on Crane's Museo Silver Rag paper, mounted to board 197/8 x 24 inches

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