A escolha do tríptico de Zhang Huan, para anunciar o programa da PhotoEspaña de 2007 (PHE07) é mais um eco de que a fotografia contemporânea chinesa está na moda. Mas não é só ao nível da arte que a China está na moda. O acelerado crescimento económico deste país tem atraído nos últimos anos a atenção mundial.
Deng Xiaoping, sucessor de Mao Tsé-Tung, quando assume o poder em 1978 inicia as grandes reformas económicas desmantelando a economia de planificação centralizada de Mao. Exceptuando o carvão, a China tem poucos recursos naturais - petróleo, matérias primas e água - para suportar os 1300 milhões de habitantes. Perante esta escassez, os políticos de Beijing abriram a China ao exterior, política que se consolidou com a entrada da China no WTO (World Trade Organization). As substanciais transformações do CCP (Chinese Comunist Party), hoje ironizado por muitos como Chinese Capitalist Party, são evidentes. A China é hoje governada por uma geração que se formou nas melhores universidades dos Estados Unidos. A diferença é abissal em relação aos anos de Mao, não só em termos económicos como artísticos. Com o triunfo do comunismo em 1949, a República Popular liderada por Mao, isolou os artistas chineses de tudo o que se passava ao nível das artes. Na “China Pictural”, a revista oficial do partido, editada a partir de 1950 e baseada no modelo da “URSS em construção”, a fotografia era utilizada unicamente para fins de propaganda. Com Xiaoping, a China recupera do atraso a que tinha sido condenada.
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“These are the first artworks in which I used photography. The bird is empty inside. I wanted to make a work about five thousand years of Chinese history and its unchanging political system. China has been dominated by tyranny for thousands of year and is still a one-party system. You cannot stamp out tyranny. It still exists and the palace symbolizes its persistence. The jeweled bird represents the emperor’s concubines. The concubine has been left to die, which symbolizes the suffocation of artistic expression by tyranny. Over time I have come to see the dead bird as the embodiment of my own self…During the time this photograph was made…the entire world around me in China kept changing. Many beautiful traditions such as the ancient gardens were being demolished to make way for new cities. I was really concerned about history being totally destroyed. I needed an outlet to express what I was feeling about this new reality”.
Lu Guang, Pollution, 2005
Para se ter uma ideia da gravidade, se a China se aproximasse dos níveis dos EUA no que respeita ao número de automóveis por família, cerca de 600 milhões de carros circulariam nas estradas chinesas, o que corresponde a mais do que o total de veículos hoje existentes no planeta. Os artistas chineses pressentem este perigo e através da fotografia e vídeo, os meios privilegiados da arte actual chinesa, alertam para os riscos desta sociedade de consumo que só reconhece a satisfação individual. Zhang Huan, o artista que a PhotoEspaña utiliza no seu cartaz, usa o seu próprio corpo nas performances que realiza. Para ele “The body is the only direct way through which I come to Know society and society comes to Know me. The body is the proof of identity. The body is language”.
Zhang Huan. Skin, 1997 e 1/2 (meat+text), 1998.
A rápida metamorfose que se opera na China conduz o indivíduo para a morte.
Em cada ano, cerca de 10 milhões de trabalhadores rurais, procuram as cidades, aspirando a uma vida melhor. Este crescimento acelerado das cidades marca uma profunda mudança de uma cultura agrícola para uma sociedade industrial. Os artistas não ficam imunes à amplitude e rapidez desta transformação. Como nos trabalhos de Sze Tsung Leong.
Sze Tsung Leong, Distrito de Chaoyang , Pequim, 2002
Sze Tsung Leong, cidade de Chongqing, 2003
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Zhang Dali, Dialogo: Praça Full Link e Demolição: Cidade Proibida, Pequim, 1998
De 1995 a 1998 desenha mais de duzentos perfis e transforma essas ruínas em locais de arte, embora efémeros. Utiliza a fotografia para documentar a sua intervenção, e nos seus enquadramentos visualizamos através das ruínas as novas torres que caracterizam agora Beijing (Pequim). Para Zhang Dali, a monotonia deste estilo internacional irá afectar a forma de vida de cada um. Nas novas cidades, iguais a tantas outras no mundo, as relações humanas estão condenadas à degradação.A calamidade que ocorre nas cidades chinesas é tema recorrente.
Luo Yongjin de uma forma mais analítica condensa em várias fotografias diferentes momentos da construção, como se se tratasse de um diagrama. A montagem final dá origem a uma imagem monumental. Luo Yongjin, capta o drama do que está a acontecer em todas as cidades chinesas.
Luo Yongjin, Lotus Block, 1998/2002
Madalena Lello, Março de 2007 (Postado em Sais de Prata e Pixels)
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