quarta-feira, março 14, 2007

...
.
Pequenos nadas, memórias soltas da fotografia...
.

José Rebelo escreveu em 2003 uma biografia do pintor- retratista Mário dos Reis (1904-2002), que conheceu em vida. Na biografia ficamos a saber que Mário dos Reis nasceu em Lisboa a 11 de Junho de 1904 e era filho de Artur Jesuíno dos Reis, conhecido palhaço “pobre”, e de Maria Tomásia Reis. A sua vida esteve sempre ligada tanto à pintura como à fotografia. Mário dos Reis foi colega de Mário José da Trindade Pinto que em 1943 começou a trabalhar para o Silva Nogueira proprietário da casa Fotografia Brasil na Rua da Escola Politécnica. Mais tarde trabalhou para outros fotógrafos conhecidos como o Bruma na Av. da Liberdade, o Vasques na D. Pedro V. ambos em Lisboa, foi depois sócio do Paixão com casa em Almada e na Cova da Piedade. No início dos anos sessenta abre casa no centro de Queluz . À época, Mário Pinto não tinha dinheiro para pagar o sinal que lhe pediam pelo aluguer da casa que ainda hoje existe e foi o "Pinho da Papelaria" que lhe emprestou os 2 000 reis que lhe pediam. O fotógrafo participou e organizou muitas exposições nacionais e internacionais dos chamados “salonistas” nos anos cinquenta e sessenta. Mário Pinto que nasceu a 31 de Outubro de 1926 ainda tem a sua casa de fotografia no centro de Queluz. Com 81 anos é uma testemunha indispensável para a memória da fotografia em Portugal daquele período.
Voltemos à biografia de Mário dos Reis editada por “O Manuscrito Histórico” e onde podemos ainda ler no prefácio de F. Alves de Sousa que Mário dos Reis o pintor-retratista foi “proprietário de uma loja de fotografia, trabalho em que foi exímio. Ao começar a estudar arte no círculo de Mário Augusto, pintor, aluno de Columbano, e entusiasmado com os primeiros sucessos, e prémios do S.N.B.A. (Sociedade Nacional de Belas Artes), vendeu o seu negócio de fotografia e radicou-se no centro de Lisboa em Alfama, Largo de S. Rafael, e mais tarde na Mouraria na rua de S. Lourenço” algum tempo depois “...decidiu voltar a trabalhar em fotografia, tornando-se o segundo melhor retocador de negativos de Lisboa, e alguns meses depois o número um. Trabalhou com os mais notáveis fotógrafos de Lisboa como Silva Nogueira, Auliano, Vargas, irmãos Novais, e outros”.
Uma nota curiosa, Mário dos Reis era amigo do conhecido negociante de material fotográfico o Freire das escadinhas do Duque em Lisboa, e deste pintou um retrato a óleo. O Freire foi assaltado por volta dos anos oitenta e para se defender matou a tiro um dos dois assaltantes. Fala-se que por medo de represálias, do gatuno que ficara vivo, terá acabado com o negócio e vendido tudo. Tem hoje 94 anos e vive num lar perto de Lisboa.
Sobre Mário dos Reis, Mário Pinto, o Freire das escadinhas do Duque e tantos outros há seguramente muitas histórias adormecidas.
Memórias soltas sobre a fotografia em Portugal que restarão para sempre esquecidas devido à crueldade da indiferença. Ou não?


.............

Fotografia de Mário Pinto onde podemos ver o seu colega e amigo Mário dos Reis a pintar o retrato do Almirante Henrique Tenreiro. Na fotografia da esquerda vemos o retratista Silva Nogueira proprietário da Fotografia Brasil em Lisboa com a sua afilhada “Pipocas” numa sardinhada em Cacilhas.
© Colecção José Rebelo
.




1 comentário:

Espreitaki disse...

Boa Noite

Sou a 1ªde 4 netos do pintor Mário Reis e gostaria de saber onde posso adquirir a biografia do meu avô.
O meu e-mail - iivens17@gmail.com

Obrigada
Irene Ivens